O avanço tecnológico traz mudanças significativas na forma que as pessoas lidam com a realidade, assim, também tornou diferente a relação da informação com o exercício da democracia.
A informação tornou-se mais acessível, possibilitando o uso diário e cotidiano para contestar narrativas, opiniões e discursos.
Os brasileiros folheiam as páginas dos jornais, acompanham na televisão, sintonizam em sua rádio, buscam nas redes sociais notícias do – até pouco tempo – distante mundo político. É evidente. Salta, portanto, aos olhos e entram pelos ouvidos o interesse cada vez maior do “homo medius” pela política.
O homem médio, é o cidadão comum, o eleitor, o povo real, que trabalha e sustenta o Estado, ou seja, aquele que não vive da política e para a política, porém, é objeto das deliberações, das discussões, sentindo, na pele e no bolso, as consequência das decisões oriundas do centro do poder, tomada através dos representantes eleitos.
O interesse pela política é uma necessidade, e não por acaso, possui um sentido temporal e espacial. Os assuntos vinculados a política vem ganhando as ruas, os lares brasileiros, botecos. Em qualquer lugar ou circunstâncias que estejam reunidos duas ou mais pessoas, parece inevitável surgir um debate ou exposição de opiniões políticas.
Nas mídias sociais ou tradicionais multiplicam-se e reverbera o interesse, sendo proporcionado diariamente, minuto a minuto, programas que propõem debates acalorados de posições, ideias, opiniões; e não poderia faltar, de hipocrisias.
O interesse do homem médio e anseio por participar do debate público, fez emergir em discursos e narrativas os políticos paladinos da Democracia, cujo caráter e moral, até pouco tempo pareciam inquestionáveis.
Os políticos profissionais e seu séquito de cientistas, artistas, jornalistas, jurista, intelectuais – verdadeiros advogados partidários – tentam conquistar o coração do cidadão, comumente recorrendo a mentiras e falácias.
Os debates proclamados como institucionais, como grandes questões sociais e econômicas, na verdade, resumem-se a uma enganação, cuja vitória é medida pelo tamanho do espetáculo, não pela racionalidade das ideias.
Esses embates, apesar de não admitidos, são, essencialmente, disputas político-partidárias, cujas preocupações passam longe das questões mais caras a sociedade. A mesquinharia das intrigas banais pelo poder se institucionalizam, sugando energia e recursos.
Nesse ambiente, inevitavelmente, emergem personalidades e políticos sem o mínimo de firmeza de caráter e moral, seja para conduzir um país do potencial do Brasil e com necessidades dos Brasileiros; ou exercer oposição aos governos, tarefa indissociável e indispensável no regime democrático.
O modus operandi daqueles que se julgam donos do poder não mudou, porém, atualmente, o verdadeiro democrata liberal, o “homo medius” tem um poderoso aliado: a informação. Os inexpugnáveis defensores profissionais da Democracia estão diuturnamente sujeitos ao escrutínio do passado e do futuro. Além da biografia dos políticos, seus discursos e projetos são facilmente conhecidos, analisados e contestados. A hipocrisia, a final, se revela.
Portanto, ainda que seja difícil acreditar em uma responsabilização legal pela mentira política, materializada por atos ilícitos e por promessas não cumpridas, o acesso a informação facilitado pelas redes sociais colocam em cheque a vida útil dessas farsas, tornando possível uma escolha livre do erro e do engano, a fim de conceder às eleições seu devido crédito, qual seja, renovar as esperanças e instituições com verdade e moralidade, em busca da democracia que precisamos.
Luan Trevizan: Bacharel em Direito. Especialista em Direito Processual.
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