Começa a 3ª fase da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal

A terceira fase da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde – denominada SB Brasil 2020 (vigência 2021-2022) – ocorre entre junho e agosto deste ano. Lançado em fevereiro, o levantamento epidemiológico é resultado de uma parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), de forma integrada com o CFO (Conselho Federal de Odontologia) e Conselhos Regionais da Classe. Além disso, o estudo conta com o apoio de pesquisadores de universidades e profissionais do SUS (Sistema Único de Saúde).

As primeiras visitas aos cidadãos aconteceram em março, no estágio denominado arrolamento, em que agentes comunitários de saúde visitam setores sorteados em busca do público-alvo da sondagem.

Nos próximos dois meses, Cirurgiões-Dentistas e Auxiliares/Técnicos de saúde bucal devem empreender a 3ª fase da análise. Para tanto, os profissionais visitarão os moradores elegíveis para fazer um questionário completo. Entre as principais perguntas, serão investigados elementos como condição socioeconômica, acesso e utilização de serviços odontológicos, dor dentária e orofacial, autopercepção e impacto da saúde bucal na vida diária, conforme publicação do CFO.

A entidade reporta que o principal objetivo da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal SB Brasil 2020 é dar continuidade à série histórico-epidemiológica. Por esse motivo, a investigação deve conter os moldes semelhantes àqueles utilizados em 2003 e 2010.

Na visão do Dr. Flavio Baraldi, convidado da Odonto Top – blog de assuntos voltados à odontologia e Indicação de clínicas odontológicas -, o levantamento epistemológico iniciado em fevereiro, que irá avaliar a questão da saúde bucal dos brasileiros, é de grande relevância, tendo em vista as diferentes faixas etárias que serão entrevistadas, bem como pelas populações de grupos e classes sociais distintas.

Para ele, o estudo possibilitará uma maior noção das diferentes realidades quanto ao acesso à saúde bucal, autoconhecimento sobre saúde bucal e impactação da saúde. “Embora com mais acesso, tanto ao tratamento odontológico em si, como à informação – em comparação há alguns anos – a realidade é que, ainda hoje, nem toda a população tem a atenção em saúde que deveria”, analisa.

Baraldi destaca que o conhecimento empírico ainda é predominante em certas populações do país, com crenças limitantes em relação à real importância da manutenção da saúde bucal. Assim, mais informações e acesso ao profissional da odontologia são cada vez mais necessários aos muitos que ainda não os têm.

“Nos últimos anos, com programas do governo federal (como o Brasil Sorridente), foi visto que muitos indivíduos que não tinham acesso a tratamento passaram a ter. Ainda, profissionais da odontologia fazendo parte da equipe de estratégia do Programa Saúde da Família, pacientes que antes recebiam apenas atenção médica e de enfermagem, passaram a ter a saúde bucal levada em consideração em seus tratamentos”, observa.

O dentista convidado da Odonto Top também destaca que a pandemia de Covid-19 representou um forte impacto na saúde bucal dos brasileiros. “Elementos como procedimentos eletivos cancelados e pacientes e profissionais tendo medo de se expor geraram o prolongamento das afecções orais sem tratamento adequado, agravando a condição da saúde bucal de muitos indivíduos. O que fez com que o acesso e a qualidade da saúde entrassem em declínio, comparado aos anos que antecederam a crise sanitária”, articula.

De fato, uma pesquisa realizada pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) revelou que o número de consultas odontológicas caiu de forma significativa ao longo da pandemia. A redução foi de 80% e 30% na rede pública e privada, respectivamente. De forma síncrona, a “Pesquisa Nacional de Saúde” mais recente, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2019 e divulgada em 2020, demonstrou que apenas 49,4% dos brasileiros procuraram um profissional de odontologia em um intervalo de 12 meses. 

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