O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta quarta-feira (15) uma resolução que pede a libertação imediata dos reféns mantidos pelo Hamas e uma pausa nos combates na Faixa de Gaza. Foi o fim de um longo impasse que teve quatro propostas rejeitadas, uma delas redigida pelo Brasil.
Os embaixadores de Rússia e Estados Unidos na ONU chegaram juntos ao Conselho de Segurança. Os dois países são adversários – não só na guerra entre Israel e Hamas.
Mas a conversa nos corredores da ONU indicava que algum avanço poderia acontecer e pela primeira vez, desde 2016 e em mais de um mês de guerra, o Conselho aprovou uma resolução sobre a questão entre israelenses e palestinos.
O texto pede pausas urgentes e extensas, que durem alguns dias para que mais ajuda humanitária possa chegar aos moradores da Faixa de Gaza. Diz que todas as partes envolvidas na guerra precisam obedecer a lei internacional e proteger os civis, principalmente as crianças, e pede a libertação incondicional e imediata de todos os reféns capturados pelo Hamas e por outros grupos.
A proposta foi apresentada de última hora por Malta – um dos países que integram temporariamente o Conselho.
Nenhum país votou contra, mas três se abstiveram: o Reino Unido e os dois que chegaram juntos à reunião, Estados Unidos e Rússia.
A representante americana declarou que apesar de não condenar diretamente o grupo terrorista, esse texto é o primeiro que cita nominalmente o Hamas. Estes que se abstiveram são membros permanentes do Conselho e poderiam vetar o texto , como fizeram em outras vezes nestas últimas semanas.
O documento passou com 12 votos a favor, incluindo o do Brasil.
Essa foi a quinta resolução apresentada ao Conselho. O Brasil foi um dos primeiros a apresentar proposta, mas os Estados Unidos vetaram porque consideraram que o texto brasileiro não citava o direito de Israel de se defender. A resolução desta quarta-feira (15) também não cita isso.
O representante do Brasil na ONU disse em inglês que a resolução é bem-vinda, mas lembrou que propostas mais abrangentes foram rejeitadas – e pediu um cessar-fogo.
O representante de Israel na ONU criticou o texto e disse: “O Hamas não obedece resoluções”. O governo israelense disse que não haverá pausa antes da libertação dos reféns.
O representante palestino também criticou e disse que o Conselho tinha a obrigação de pedir não pausas humanitárias e, sim, um cessar-fogo.
Essa é a primeira vez que o Conselho de Segurança, que é o órgão da ONU responsável para discutir conflitos, se pronuncia. Mas como o texto faz poucas exigências, qualquer ação na prática é pouco provável, porque já existem pausas humanitárias e os Estados Unidos já negocia pausas maiores para libertação dos reféns, mas o texto passa longe de pedir o fim das agressões de ambos os lados.
Fonte: G1