Dentre os mais variados impactos psicológicos, sociais e físicos, indubitavelmente, existe um efeito nada romântico entrando em cena: um número explosivo de casais que estão optando pela separação, segundo os dados do Colégio Notorial do Brasil (CMB). Sim, os divórcios estão aumentando. Sim, e são consensuais.
O barulho horrível da mastigação tornou-se insuportável. Ter que roncar juntos triplicou o sentimento de aversão. Qualquer crítica é apresentada como um verdadeiro estrondo no ouvido do outro. A convivência pesou; a violência física e verbal anunciou o princípio do fim. Ah! E a discussão passou a ganhar asas até mesmo por um simples gesto.
Por outro lado, ninguém joga um relacionamento pela janela por acidente. Tampouco sai chutando as trouxas porta afora de quem deve partir.
O “covid” não para de enterrar amores que já estavam irreconciliáveis. Desenterra a motivação daqueles que não desejam mais viver elos insatisfatórios. Fato é que boa parte das pessoas não desejam mais situações pendentes. Tudo é mais intenso hoje, da felicidade até à exaustão. O excesso de convivência pode agravar ou fazer enaltecer o conteúdo que estava subjacente.
De qualquer forma, não dá para colher flores quando o que houve foi um cultivo de cascalhos. As dificuldades matrimoniais oferecem a oportunidade de aprendizado e correção quando há uma genuína disposição para tanto. Não que seja um processo fácil. É uma tarefa diária. É aquele necessária e performática academia onde não há lugar para quem tem preguiça, pois esta atrofiada e só existe espaço para quem estiver querendo alongar os músculos dos bons sentimentos.
Psicólogo
Daniel Portela
CRP-20/06476