Combater ou não o tráfico de drogas? Policiais da Bahia ficam em dúvida com fala de secretário

Combater ou não o crime

Pense num absurdo, na Bahia tem precedente!

A famosa frase acima é de titularidade do Ex-Governador da Bahia de 1947 a 1951, Otávio Mangabeira, que a externava ao saber dos absurdos que aconteciam (ou acontecem) Brasil à fora e, quando aconteciam (ou acontecem) na Bahia, manifestavam-se (ou se manifestam) com uma certa ênfase.

O motivo dessa vez de reviver a expressão é para falar sobre a declaração do atual secretário de segurança Pública da Bahia. Ricardo Mandarino, em entrevista à TV Bahia, nesta quarta-feira (17), defendeu a regulamentação do comércio de drogas leves e propagandas contra o uso de entorpecentes.

O que são drogas leves e pesadas?

De acordo com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) do ponto de vista da lei não há diferença entre drogas leves e pesadas, mas apenas entre drogas legais e ilegais (ou lícitas e ilícitas). Fumar maconha ou injetar cocaína, por exemplo: as duas atitudes infringem igualmente a lei. Na prática, porém, o uso de maconha raramente chega a ter as mesmas consequências perigosas à saúde que o de cocaína. Além disso, os riscos relacionados ao consumo de drogas dependem mais da maneira e das circunstâncias em que elas são usadas do que do tipo de droga utilizado.

Assim, segundo o secretário, 70% dos crimes que ocorrem no estado estão relacionados ao tráfico, e política que ordena a atuação da polícia com relação a isso é equivocada.

“O que é que a polícia está fazendo? Correndo atrás de traficante, que mata traficante. Mas quando um traficante mata o outro, ele acaba matando pessoas inocentes também. Então, o que o país precisa é pensar em mudar essa política de combate ao tráfico, que é equivocada, que não dá certo em lugar nenhum do mundo. Essa política repressiva não funciona, custa caro aos cofres públicos, custa vidas de policiais, custa vidas de traficantes, que são pessoas que caíram no tráfico muitas vezes por alguma necessidade – você não pode dizer ‘é traficante, deixa morrer’. Não é isso. São pessoas que podem ser recuperadas -, e custa vida de inocentes”.

O secretário comparou ainda o consumo de drogas com o de cigarros e defendeu a produção de propagandas contra o uso de entorpecentes.

“Em 1988, 30% da população brasileira fumava cigarro, e hoje são menos de 10%. O Brasil é o país onde menos se fuma no mundo. Houve proibição do cigarro no Brasil? Não. Houve publicidade. Aquelas propagandas que chocam, que tocam as pessoas”, falou Mandarino, que ainda destacou que, caso a mudança não dê resultado, é possível retomar a política atual.

“É um teste. Se por acaso não der certo, volta-se a proibir de novo. Do jeito que está é que não funciona. A gente fica repetindo as mesmas práticas, e as mesmas práticas não estão dando certo”, acrescentou.

O tema legalização das drogas é muito polêmico. Mas com a declaração acima se aflorou mais ainda o posicionamento dos baianos

Mas vamos comentar como a entrevista foi repercutida no ciclo de policiais da Bahia (PM e PC).

Tivemos acesso a   informações de muitos policiais que ficaram em dúvida: devem manter o enfretamento no combate às drogas ou a partir da fala do secretário de segurança pública manter uma certa flexibilidade nesse confronto? Sabemos que comumente nossas forças constitucionais estaduais de segurança colocam em risco a própria vida por causa da guerra ao tráfico

Essa guerra fez com que a Bahia em 2020 mais uma vez liderasse o ranking de homicídio no país e com 44% mais mortes violentas do que o Rio de Janeiro, estado mais populoso e que enfrenta há alguns anos problemas na área da segurança pública. De acordo com o Monitor da Violência, elaborado pelo portal G1, a Bahia teve 5.276 óbitos no ano passado, contra 3.653 do Rio de Janeiro, que está na quarta posição em relação aos maiores índices.

O debate acerca de temas como o tratado pelo secretário são importantes e devem ser mencionados. Mas quando o mote parte pela defesa da legalização do segundo maior comando das policias do Estado, só abaixo do governador do Estado, pode gerar desdobramentos preocupantes como o maior aumento da desmotivação de policiais no enfrentamento dos vários tipos de crimes relacionados ao mundo das drogas ilícitas.

Com informações do portal G1

Por / Tatiane Lena

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui