ESTREIA – De papo com o Psicólogo Daniel Portela; “Sobre não temer o medo”

Daniel Portela

Em razão da pandemia, aliada a outros fatores pessoais, existe um sentimento de insegurança capaz de provocar um medo excessivo na população de maneira geral.

Entrar em contato com o medo não é algo desejável para a maioria das pessoas. O temor está em perceber-se exposto. Isso dispara gatilhos que trazem à tona uma resposta muito intensa e quase sempre isso provoca uma certa ansiedade.

Mas, se por um lado existem pessoas temerosas, há também aqueles que o único medo é ter medo e vivem dando manutenção a condutas de risco.

O nível e significado de uma preocupação é diferente para cada um. O caráter subjetivo das emoções carrega um sentido desigual e incomparável. Não se julga. Nesta perspectiva, não existe consenso e não deveria haver censura. Inúmeras variáveis entram em pauta e, por vezes, elas são até mesmo culturais.

Ter medo significa ter um mecanismo de alerta em pleno funcionamento. É uma sirene mental tocando alto para defender o indivíduo de situações potencialmente perigosas. Se você tem medo, você tem também um dispositivo instintivo importante para sua espécie humana. Como tudo na vida, o que ele exige é um esforço a ser mantido em seu equilíbrio. Ele precisa ser proporcional a suposta ameaça. Se ela é real ou imaginaria, não é assim tão impactante. O fundamental é saber o quanto é capaz de suscitar em você o controle da situação ou o descontrole total sobre esta. O seu papel é aceitar o que sente e desafiar-se a não sucumbir por conta disso.

Apesar de alguns casos psicopatológicos serem concretos, formas graves de sentir medo, é essencial considerar esse desconforto como uma revelação sobre seus limites e estar sensível para o fato de que você está apenas tendo uma resposta possível a dado estímulo. É a sua defesa mais natural. A sua forma de lidar é sua e ela é absolutamente compreensível. Respeite as suas sensações e etapas. Fique na sua bolha até quando julgar necessário. Saia imediatamente dela quando estiver confortável para tanto. O termômetro do enfrentamento é seu. Não entre em confronto com o que já está em confronto. Tampouco ignore o seu sentimento. Engaje a liberdade nisso. Sentimentos libertos liberam.

Psicólogo

Daniel Portela

CRP-20/06476

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