De janeiro a abril de 2022, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia registrou um aumento de 32,2% das vendas de produtos brasileiros para os Estados Unidos. O país foi o segundo mercado a registrar maior volume de vendas brasileiras nos primeiros meses do ano, ficando atrás apenas da Argentina, que teve crescimento de 47,8% nas compras do mercado nacional.
Em maio, segundo a Secex, o aumento das exportações para o mercado norte-americano alcançou 7,9%. O país tem conquistado a preferência do empresariado brasileiro, que almeja uma fatia de um comércio que hoje representa US$ 70,5 bilhões para o Brasil, segundo perfil recente elaborado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
O interesse no mercado americano também foi confirmado por estudo realizado pela Fundação Dom Cabral, ao analisar a internacionalização das empresas brasileiras nos anos de 2020 e 2021. Os Estados Unidos apareceram como o país preferido para expansão dos negócios, tornando-se sede das 46 empresas que se instalaram no país no período analisado. Entre 55 países, o país recebeu 14,8% dos investimentos. Bem distantes do segundo e terceiro lugares, respectivamente, ocupados pela Argentina (8%) e México (6,8).
De acordo com o consultor de Negócios e Logística Marcellus Caetano Serpa Y Kampik, a empresa brasileira que tenha produtos com demanda de consumo nos Estados Unidos deve fazer um bom planejamento antes de iniciar a exportação ou abrir uma sede naquele país. Um dos primeiros passos desse planejamento é a contratação de uma pesquisa de mercado para saber se realmente há a demanda prevista, entre outros aspectos a serem observados.
“O objetivo desta pesquisa é identificar a demanda, hábitos de consumo, concorrentes, licenças necessárias, modelo de distribuição, tamanho de mercado, seguros obrigatórios, barreiras de entrada, análise de conjuntura comercial, posicionamento de preço e praças a serem exploradas entre outras particulares a cada segmento e tipo de produto”, explica.
Após essa etapa, caso a pesquisa de mercado seja favorável ao negócio, a empresa com interesse em exportar para o mercado americano precisa fazer uma análise financeira para se assegurar da viabilidade do projeto. “Nesta fase, a empresa deverá simular os preços finais e estimar a receita bruta das vendas assim como os custos diretos e indiretos como obtenção e manutenção de licenças e seguros, saída do produto do Brasil, trânsito/frete até os EUA, armazenagem e distribuição, marketing e publicidade, custo de capital, impostos e aluguel de imóveis além de simular o caixa necessário para que não haja interrupção no fluxo dos produtos”, enfatiza Kampik.
Testagem – Após as duas primeiras fases do planejamento para levar produtos ou montar um negócio nos Estados Unidos, é preciso que a empresa faça um período de teste para confirmar na prática os dados teóricos levantados até o momento. “Nesta fase, a empresa deverá observar se os preços e custos estimados sofreram variações, se os parceiros comerciais cumpriram com suas obrigações e se o modelo de distribuição escolhido atendeu a demanda dos clientes para então concluir se faz sentido avançar com o mercado dos EUA ou não”, ressalta o profissional, que tem 13 anos de experiência em consultoria de negócios e logística, sendo cinco deles no mercado americano.
O que diz o perfil da ApexBrasil sobre o mercado norte-americano
De acordo com o perfil de países, elaborado pela ApexBrasil e com atualização já em junho deste ano, os EUA possuem o maior PIB do mundo (em valor corrente), com um consumo privado que representa quase 70% de sua economia. Após queda de 3,4% da economia em 2020, o país cresceu 5,7% em 2021, superando em 2,1% o patamar de 2019.
Segundo a análise da Agência, para 2022, contudo, a previsão é de crescimento de 2,6%, ainda abaixo da média histórica. A política monetária contracionista do FED, o Banco Central americano, somada à inflação persistente podem induzir um cenário de estagflação. Após uma queda de 28% nas exportações brasileiras em 2020, a recuperação de 45% em 2021 garantiu um patamar 5% acima do valor exportado em 2019.
Do lado das importações, contudo, a recuperação foi ainda mais acelerada, aumentando o déficit na balança comercial, observado desde 2008. Embora os EUA sejam o 2º principal destino das exportações do Brasil (11% do total), o Brasil detém apenas 1,1% do mercado americano, posicionando-se como 18º principal fornecedor.