Segundo o presidente da Câmara, ele ‘não aceitará ameaças ou quaisquer outras investidas de pessoas que acham que podem tratar o Legislativo como uma força auxiliar do Executivo’
O presidente da Câmara Municipal de Salvador (CMS), vereador Geraldo Jr. (MDB), negou que o Legislativo tenha recebido, em caráter oficial, o retorno da prefeitura sobre ‘irregularidades’ na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Como o executivo municipal tinha enviado o documento na tarde da sexta-feira (8), mesmo dia em que a Câmara tinha decretado recesso parlamentar, a proposta foi protocolada ‘sem as formalidades legais’, segundo comunicado da própria CMS. Assim, a análise do documento só deve ocorrer após o recesso, que acaba no dia 02 de agosto.
No sábado, no mais recente episódio de queda de braço entre o executivo municipal e o legislativo, a prefeitura afirmou que, após ‘irregularidades’ apontadas por vereadores na proposta na sexta-feira (8), tinha enviado, no mesmo dia, o documento à Câmara com as alterações solicitadas. O vice-líder do governo na Casa, vereador Kiki Bispo (UB), chegou mesmo a criticar abertamente Geraldo Jr. por ter decretado recesso sem considerar a matéria.
Em resposta, na manha desta segunda-feira (11), Geraldo Jr., que é pré-candidato a vice-governador na chapa do PT , reafirmou que a Câmara não recebeu oficialmente a devolução da matéria contendo as propostas para a LDO de 2023 em tempo hábil. “Deduzo que tenha sido um equívoco a informação que o projeto retornou”, disse o mdebista.
Na sexta-feira (08), a Câmara Municipal constituiu um grupo de trabalho para analisar a LDO então em tramitação na Casa. Após serem apontadas ‘falhas graves no projeto’, o chefe do Poder Legislativo determinou a devolução da proposta para que o Executivo corrija as falhas apontadas, movimento que foi contestado pela base do governo do prefeito Bruno Reis (UB) na Casa.
Ante as críticas e protestos de governistas, Geraldo Jr. afirmou que ‘não aceitará ameaças ou quaisquer outras investidas de pessoas que acham que podem tratar o Poder Legislativo como uma força auxiliar do Poder Executivo’.
“Somos um poder independente. Esses que se arvoram de governistas, defensores de plantão do prefeito e do ex-prefeito, e, ao mesmo tempo, jogam para a torcida, são os mesmos que me parabenizaram pela autonomia resgatada”, disse Geraldo Jr.
Sem citar nomes, o presidente da Câmara completou: “eles estão precisando parar de fazer política, ou politicagem, de usar a máquina municipal para uma eleição estadual e voltar a gerir a cidade para a qual foram eleitos. Ou eles saem desse quadro de subserviência ou vão aprender duramente como funciona o processo legislativo”.