O dia 19 de janeiro de 2021 foi marcado pelo início da vacinação contra Covid-19, em Salvador. Durante a cerimônia simbólica, realizada no santuário das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), foram vacinados três soteropolitanos, dentre eles a enfermeira Maria Angélica de Carvalho Sobrinho, de 54 anos, e o médico do Samu Uenderson Araújo, de 31 anos.
Araújo relembra o momento do início da imunização. “A sensação foi de surpresa e fiquei bastante honrado por, naquele momento, representar todos os meus colegas que estavam na linha de frente de combate à Covid-19. Veio uma sensação de esperança, de dias melhores, até porque a gente estava lidando com um vírus desconhecido e não sabíamos qual seria a repercussão da vacina na nossa vida”.
Em 2022, um ano após a data chamada por Maria Angélica de “o dia da esperança”, a profissional de saúde destaca a importância do imunizante. Atuando na linha de frente de combate à pandemia, no Hospital Couto Maia, a enfermeira contraiu a doença antes de tomar a segunda dose do imunizante, em fevereiro do ano passado. Apesar de ter comorbidades, Angélica apresentou um quadro moderado da Covid-19.
“Eu sou um exemplo de pessoa salva pela vacina. Após tomar a primeira dose me contaminei. Tive apenas sintomas leves e precisei ser internada apenas para oxigenoterapia de baixo fluxo. Quem me salvou foi a ciência”, afirma.
Eficiência – Para a enfermeira, a vacina é a única forma de reduzir os casos e danos da Covid-19. “O imunizante estimula o nosso sistema autoimune e cria anticorpos. Mesmo que o indivíduo seja contaminado pelo vírus, os sintomas não serão tão graves. Hoje estou com o esquema vacinal completo e o impacto da vacina na minha vida foi definitivo”, acredita.
Para Angélica, o negacionismo não leva a lugar algum, diante do cenário da pandemia. “O imunizante foi elaborado por cientistas, que se dedicam a salvar vidas e a gente precisa acreditar no potencial da vacina”, defende.
Já o médico do Samu ressalta: “É importante não invalidar o que diz a ciência, porque a vacinação é a forma de tentar controlar e combater a doença, diminuindo as chances de complicação para todos”, diz Araújo.
Alerta aos cuidados – Angélica também alerta sobre a necessidade de respeitar os protocolos de higiene, para evitar o contágio do vírus. “É necessário manter o distanciamento social, hábitos higiênicos, o uso da máscara de forma correta e cumprir as medidas de proteção à vida”, declara.
Ela lembra a dor das pessoas que não tiveram a oportunidade de serem vacinadas e do dever de ser solidário com os colegas profissionais de saúde, que estão cansados. “Não somos heróis, somos seres humanos, que trabalhamos e queremos reconhecimento, consolo e acolhimento. Precisamos entender que as festas só servem com vida e saúde”, concluiu.
Já Uenderson Araújo salienta que estar na linha de frente é uma constante sensação de incerteza. “Por exemplo, achamos que estávamos vivendo um momento um pouco mais tranquilo da pandemia e, de repente, mesmo sem abrir mão das medidas de precaução, a gente percebe esse aumento que, para muitos, não seria mais esperado. Ao mesmo tempo, é necessário dar seguimento às ações, lutando pela vida do outro”.
Vidas salvas – Um ano após o início da vacinação, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) aplicou mais de 4,8 milhões de doses do imunizante, na capital baiana. A cobertura vacinal da primeira dose atinge cerca de 96% da população. Outros 88% receberam a 2ª dose, ou a dose única e 33% completaram o ciclo vacinal, com a dose de reforço.