Na quarta-feira (27), Ministério Público Federal (MPF) notificou o Banco do Brasil, a abertura de um inquérito civil público que pretende investigar o envolvimento da instituição na escravidão e no tráfico de africanos durante o século 19.
O inquérito é algo inédito no Brasil e foi divulgado pela BBC News Brasil. A ação foi proposta por um grupo de 14 historiadores de 11 universidades, que pesquisaram e escreveram um texto sobre o que se sabe da relação do Banco do Brasil com a economia escravista e seus negociantes. A investigação tem o intuito de iniciar um movimento de cobrança por reparação histórica de centenárias instituições brasileiras que, de alguma forma, tenham participado ou fomentado a escravidão no país.
Entre os fatos descobertos pelos historiadores no processo de pesquisa, está a revelação de que entre os fundadores e acionistas do Banco estavam alguns dos mais notórios traficantes de escravizados da época – como José Bernardino de Sá, tido como o maior contrabandista de africanos do período.
O MPF estipulou um prazo de 20 dias para a presidência da instituição responder a uma série de questões e uma reunião com a direção do banco para discutir medidas de reparação histórica no dia 27 de outubro, no Rio de Janeiro. À BBC, o Banco do Brasil informou que o “jurídico da instituição analisará o teor do documento e prestará as informações necessárias dentro do prazo previsto”.