Um mapeamento da vida e qualidade da água na bacia do rio Tietê está sendo conduzido pelo biólogo e professor da USP (Universidade de São Paulo), Luís Schiesari, com ajuda de 40 pesquisadores de sete universidades e do Instituto Butantan. Essa pesquisa é financiada por USP, Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Coordenada por Schiesari, a pesquisa realiza uma varredura da presença de remédios, como antidepressivos, agrotóxicos, drogas recreativas, bactérias e vírus em 52 pequenas bacias hidrográficas que alimentam o rio Tietê na região metropolitana de São Paulo. Além disso, o estudo compara a morfologia e o comportamento de diferentes espécies de peixes, anfíbios e invertebrados que vivem nesses habitats. O objetivo é entender como o avanço na cobertura urbana impacta os ecossistemas aquáticos e, a partir daí, traçar estratégias para protegê-los.
Já no primeiro artigo publicado pelo grupo de pesquisa, em novembro, foi mostrada a presença de RNA do vírus da Covid em rios e riachos monitorados, particularmente naqueles com cobertura urbana média e saneamento básico deficiente. Também no mês de novembro, em outro artigo publicado possuía a indicação da presença de antidepressivos na bacia do Alto Tietê.
De acordo com os dados submetidos, que ainda irão passar por revisão de pares, 93% das bacias com algum nível de cobertura urbana continham de uma a oito moléculas diferentes de antidepressivos. A lei brasileira não determina um valor máximo para concentração de fármacos na água tratada e, de modo geral, sistemas de tratamento não são eficazes em removê-los da água. Mesmo metabolizadas, as moléculas ainda podem exercer efeito farmacológico sobre seres vivos.