Entrevista com pré-candidatas a vereador de Salvador: Laina Crisóstomo, Cleide Coutinho e Gleide Davis

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Li a expressão: “Dividir para conquistar” e gostei porque na minha opinião é o que melhor representa a proposta das candidatas na entrevista de hoje. Isso mesmo, caro eleitor que nos acompanha. Vamos ter em Salvador uma campanha coletiva com três candidatas para uma vaga de vereador. A proposta é que ao serem eleitas as três candidatas dividam a vereança.

A Ideia que é uma novidade em Salvador, e que com certeza vai gerar polêmica, vamos detalhar em um outro momento.

Por agora, acompanhe a entrevista dessas favoritíssimas a conquistar uma cadeira na Câmara Municipal

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Laina Crisóstomo – Cleide Coutinho e Gleide Davis

1 – Quem são as Pretas Por Salvador que a cidade, em geral, ainda não conhece?

Somos uma pré-candidatura coletiva de três mulheres negras diversas com vistas a ocupar a Câmara Municipal de Salvador de forma partilhada de poder, tomada de decisões e gestão. A ideia das mandatas coletivas surgiu em 2016, na qual pessoas diversas se juntam com um mesmo número e disputam a vaga no poder legislativo ou executivo, ainda não existe regulamentação junto a Justiça eleitoral, mas existe um acordo entre as pessoas envolvidas.

Laina Crisóstomo é advogada feminista, lésbica, candomblecista, mãe, antiproibicionista, compõe a setorial estadual de mulheres do PSOL BA, foi candidata a deputada federal em 2018 com 13.855 votos, sendo a mais votada pelo PSOL Bahia, presidenta e fundadora da ONG TamoJuntas, organização que surgiu em Salvador e hoje está em 19 estados do Brasil acolhendo mulheres em situação de violência de forma gratuita, voluntária e multidisciplinar.

Cleide Coutinho é mulher preta, feminista evangélica, membra da setorial de mulheres do PSOL, Dirigente da executiva do Psol/ Ba, dirigente do Movimento Nacional de Luta por Moradia. (MNLM), compõe o Conselho Estadual das cidades, foi candidata a deputada federal na última eleição com 1424 votos.

Gleide Davis é feminista preta, suburbana, de axé, estudante de serviço social – UFBA, militante e pesquisadora das áreas de gênero, raça, classe e saúde mental e membra permanente do Observatório de Racialidade e Interseccionalidade – ORI.

2 – Agora sua visão de política: ideologia, partido que será candidata e por quê?

 Somos todas filiadas ao PSOL, partido pelo qual estamos pré candidatas e nossa visão política é de esquerda, feminista, anti racista,anti LGBTfóbica, anti capitalista e em favor das pautas dos direitos humanos. Escolhemos o PSOL por se aproximar das pautas que acreditamos serem prioritárias, por ser um dos primeiros partidos a ter como prioridade o investimento em candidaturas de mulheres, negros e negras, LGBT’s e PCD’s, não somente em acesso, mas estrutura e também na perspectiva orçamentária, além de ser o único partido com paridade de gênero na Câmara de Deputados Federais.

3 – Sabemos que muitos candidatos têm vários projetos e ideias para quando for eleito realizar. Entretanto, queremos saber apenas qual o seu principal projeto?

Nossos projetos são verdadeiras pautas interseccionais, no lugar de fala que temos, não há como colocar por exemplo a pauta dos direitos das mulheres, sem pensar na luta de negras e negros ou mesmo na luta por moradia digna e direito a cidade.

4 – Se você fosse vereadora de Salvador atualmente, como iria se posicionar em relação a questão da pandemia de covid-19?

Teria um olhar mais cuidadoso com a política de Assistência social, como CRAS, CREAS e CAPS, políticas de acolhimento a população em situação de rua e fortalecimento das mulheres que estão na base da pirâmide sofrendo com a violência doméstica e familiar, além da perda renda, da dificuldade no acesso à saúde e aumento de sobrecarga de trabalho doméstico e cuidado com crianças e idosos.

5 –  Como você analisa o cenário político municipal?

A cidade de Salvador que é conhecida como a cidade das mulheres com mais de 53 % de mulheres e mais de 80 % de negros e negras ainda não tem uma representatividade real de acordo com o que a sociedade soteropolitana é. A Câmara Municipal de Salvador tem atualmente 43 vereadores, 12 homens negros, 7 mulheres e apenas 2 mulheres negras, mostrando não somente numericamente a ausência de representação dos diversos setores da população, mas também trazendo o debate de reeleições eternas dos mesmos figurões da política da cidade, que quando não são candidatos colocam seus filhos, netos, irmãos, tios e genros e em alguns casos suas esposas, perpetuando a velha política coronelista dos sobrenomes.

6 – Você representa que segmento e ou bairros principalmente? Nesse contexto, que experiência foram agregadas para exercer, caso seja eleito, a função de vereador?

Somos de diversos bairros, estamos em Cajazeiras, Brotas, Alto do Cabrito, estamos também presente no Pau da Lima, Cabula, Trobogy, São Rafael, Estrada Velha do Aeroporto e Centro. No tocante as nossas principais bandeiras de luta, Laina Crisóstomo é fundadora e presidenta da ONG TamoJuntas que acolhe mulheres em situação de violência de forma multidisciplinar, voluntária e gratuita, não somente em Salvador, mas em 19 estados do Brasil. Cleide Coutinho é coordenadora nacional do Movimento Nacional de Luta por Moradia e constrói aqui na Bahia o Conselho das Cidade e fóruns diversos de direito a cidade. Gleide Davis constrói a pauta feminista e anti racista com páginas de ativismo nas redes de muita visibilidade, é membra do Observatório de Racialidade e Interseccionalidade e atua no Sarau do Cabrito.

7 –  O que você gostaria de acrescentar que não foi perguntando na entrevista?

Queremos ocupar a Câmara municipal de Salvador de forma coletiva, não somente porque somos 3 (três) mulheres, mas especialmente porque trazemos em nossas vivências, experiências muitas vozes e histórias silenciadas, como diz Érica Malunguinho, deputada estadual negra e trans em São Paulo pelo PSOL “Vamos reintegrar posse do quilombo e vamos construir a história em primeira pessoa”, nada sobre mulheres, sem as mulheres, nada sobre negros e negras, sem negros e negras, nada sobre LGBT’s sem LGBT’s, NADA SOBRE NÓS, SEM NÓS.

Leia também as entrevistas anteriores:

Sandro Bahiense – Darlan Dorea – Bruno Ceuta – Débora Santana – Adjaneara – Ricardo Galvão – Ary Passos – Marcos Nogueira – Taiana LealCapitão Tadeu

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