Gigantismo do PL e União Brasil desafia legendas de centro e esquerda. Federação seria saída para equilibrar forças políticas.
A frenética matemática das trocas partidárias previstas para o período de 3 de março a 1º de abril acende uma luz de alerta para os que disputam a Presidência da República.
As previsões iniciais apontam para um crescimento exponencial de forças conservadoras representadas pelo PL e União Brasil, capaz de estabelecer uma nova dinâmica nas relações no Congresso e até de impor sua pauta ao próximo chefe do Executivo.
As duas legendas, que compartilham do mesmo quadrante político na direita, passariam a somar mais de 120 deputados federais, a considerar as migrações esperadas para o período.
Mesmo sem compromisso de ação conjunta, PL e União Brasil têm afinidades ideológicas claras e, independentemente do cenário que venha a emergir das urnas, se preparam para exercer papel dominante na ação parlamentar ao longo dos próximos quatro anos.
A polarização esperada para a disputa pelo Planalto terá reflexos importantes na formação das bancadas, e a esperança para os partidos de centro e esquerda para reequilibrar a correlação de forças no Congresso estaria na formação das federações.
A modalidade permitirá ação conjunta entre legendas que, apesar de afinidades ideológicas, sempre disputaram posições de comando no Parlamento.
A provável hegemonia de conservadores no Congresso representará um desafio adicional para a um eventual novo mandato petista, enquanto, em caso de vitória de Bolsonaro, deverá submeter o presidente reeleito a amarras ainda mais estreitas do que as impostas hoje pelo Centrão, em nome da governabilidade.
Confirmando a influência crescente do Legislativo sobre o Planalto, um dos principais líderes do bloco, o presidente da Câmara, Artur Lira (PP/AL), defende o debate sobre a adoção do semipresidencialismo – o sistema de governo segundo o qual o chefe do Executivo compartilha o poder com um primeiro-ministro, escolhido pelo Congresso.