Hoje, nesta quinta-feira (8), finalizou-se a trajetória do ex-empresário, ex-taxista, ex-apontador de jogo do bicho e tantas outras atividades exercidas ao longo de 70 anos, morreu Raimundo Alves de Souza, o Ravengar.
O homem de tranquila e ar aparentemente inofensivo que chegou a ser dono de uma comunidade, o Morro do Águia – comunidade pobre do bairro de São Gonçalo do Retiro – volta a ser destaque na mídia nessa manhã.
indicam que ele sofria de diabetes, e faleceu em decorrência de complicações provadas pela doença.
Segundo informações, Ravengar estava internando no Hospital Ernesto Simões Filho, bastante debilitado, chegou inclusive a necessitar de transfusão de sangue. Por conta da doença ele já havia perdido uma perna.
Raimundo Alves é cercado por muitas historias em torno do Império o qual criou e reinou por longo tempo.
Ele foi encarcerado em 2004. Sentenciado a 25 anos de prisão em 2006 (reduzidos depois para 22), Raimundo foi transferido para o regime semiaberto em 2012, após cumprir seis anos de reclusão.
Desde que viu seu império ruir, Raimundo, também conhecido como Raimundão, experimentou duras provações. Perdeu o status de maior traficante de cocaína de Salvador, foi abandonado pela mulher (que o trocou por um policial militar), teve um filho assassinado, viu minar a saúde.
Raimundão como também era chamado atuava muito em família. Isso não era novidade na carreira de crimes do finado. Quando teve seu império desmontado, em 2004, levou consigo vários familiares, inclusive a mulher, que, tempos depois o trocaria por um PM.
Além de familiares, Raimundo costumava se cercar de policiais. Civis e militares. As investigações que levaram ao desmonte do Império Ravengar mostraram que, entre colaboradores e clientes, ele mantinha estreitas relações com oficiais e praças da PM, agentes da Polícia Civil, artistas, empresários, jornalistas, serventuários da Justiça, políticos… Não por acaso, mesmo com todas as evidências de suas atividades ilícitas, jamais foi flagrado com a mão na droga. O mais próximo de um flagrante de que foi alvo, aconteceu em agosto de 1993: foi encontrado próximo a um papelote com aproximadamente 15 gramas de cocaína – um nada, perto do montante que ele costumava movimentar, conforme testemunhas.
Nem mesmo durante a megaoperação de janeiro de 2004, quando uma força-tarefa invadiu e fez uma devassa no Morro do Águia, foram encontradas quantidades expressivas de entorpecentes no local.
Mas, do pó ao pó, a morte desta quinta-feira, de certo modo, confirma a avaliação que em sua sentença, proferida em 28 de abril de 2006, o juiz Reginaldo Costa Rodrigues Nogueira, então titular da Segunda Vara de Tóxico de Salvador, faz do emblemático personagem: “(…) Embora tecnicamente primário, [o réu] não possui antecedentes recomendáveis, tendo respondido a processo da mesma natureza, apresenta desvio de conduta e uma personalidade voltada para o mundo criminoso (…)”. Ou seja, há 11 anos, um magistrado já previa a natureza irrecuperável do réu. Aquilo, portanto, que a sabedoria popular preconiza: quando o pau é torto, até suas cinzas serão tortas.
Fonte: Matéria com referências do artigo do site: https://bahia.ba/artigo/ravengar-do-po-ao-po/