Caso aconteceu neste final de semana no Hospital Manoel Novaes, em Itabuna, e é investigado pela Polícia Civil.
Os casais que tiveram os corpos dos bebês trocados na maternidade do Hospital Manoel Novaes, em Itabuna, no sul da Bahia, falaram sobre a situação nesta segunda-feira (17). O caso é investigado pela Polícia Civil e a unidade médica assumiu o erro nos procedimentos.
Os pais decidiram pedir a exumação do corpo de uma das crianças que já foi enterrada. O pedido judicial foi feito por um advogado contratado pelas famílias.
O casal Jociel da Paixão e Vanúzia Reis são moradores da cidade de Ipiaú e estavam com o filho internado há 45 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do hospital. No sábado (15), os dois receberam a notícia de que o filho deles, Jailson, havia morrido.
Ao chegar no hospital, eles não reconheceram o corpo do filho, nem a identificação que constava na etiqueta. O corpo da criança que o hospital queria entregar a eles, na verdade, era o filho de Leandro Dias de Sá e Jocélia da Hora Pereira, o pequeno João Miguel.
O corpo do bebê Jailson já havia sido liberado antes, de forma errada, a Jocélia e Leandro. Como a suspeita era de que o filho verdadeiro deles, João Miguel, tivesse morrido com suspeita de Covid-19, os pais não puderam ter contato com a criança para fazer o reconhecimento, então o corpo foi entregue a eles em um caixão já lacrado.
“Só vi quando meu filho já não tinha mais vida, e eu fiquei no quarto. Depois disso, eles pediram para que eu fosse para a recepção, e eu não tive mais acesso ao corpo do meu filho, porque eles colocaram lá como suspeita de Covid. De lá, levamos ao cemitério e fizemos um enterro”, contou Jocélia.
Jocélia e Leandro enterram o bebê que era filho de outro casal — Foto: TV Bahia
Leandro complementou informando que já saiu do hospital com a esposa direto para o cemitério, e que por isso não perceberam que estavam com a criança errada.
Jocélia lamentou a situação e disse que durante o enterro do bebê trocado, chegou a passar mal. Ela conta que um novo sepultamento causará um novo sofrimento.
“Eu não vi o rosto do meu filho. Saiu de lá direto para o cemitério já lacrado. A gente saiu de lá [hospital] direto para o cemitério. Não houve reconhecimento, nós não vimos nosso filho. A dor que nós estamos sentindo por dentro é essa, da gente enterrar um filho errado e ter que enterrar o nosso agora”.
“A prioridade é essa, enterrar meu filho. É muito sofrimento e eu vou sofrer duas vezes. Já sofri a primeira, passei mal, quase estive no hospital, e agora eu vou sofrer mais uma vez”, desabafou ela.
O pai do bebê falou sobre a dor que ele e a esposa estão passando, para tentar enterrar o corpo do filho de verdade.
“Quando chegamos aqui, não era o filho da gente, não. Estava um corpo lá, mas não era o filho da gente. Primeiro que, o corpo que estava, era maior do que o nosso filho. A etiqueta que estava marcando o nome não era nem meu, e nem da minha esposa. Nisso aí eu já vi que tinha uma coisa errada”
Como o corpo do bebê Jailson foi enterrado por engano, como se fosse João Miguel, agora é necessário um procedimento judicial para fazer a exumação e a correção da certidão de óbito da criança. O corpo de João Miguel segue no Departamento de Polícia Técnica de Itabuna.
“Nós entramos já com pedido de exumação do corpo e retificação da certidão de óbito. Estamos aguardando a qualquer momento uma decisão judicial, porque é caráter liminar, porque uma pessoa hoje não tem como ser enterrada duas vezes. Estamos com o corpo do filho da outra para ser sepultado”, disse o advogado de uma das famílias.