
A Transalvador promoveu, na manhã de quarta-feira (22), uma reunião com representantes de clubes de corrida de rua da cidade para debater medidas preventivas capazes de coibir acidentes envolvendo atletas e veículos. No encontro, ocorrido na sede da autarquia municipal, no Caminho das Árvores, o superintendente do órgão, Diego Brito, destacou a importância de manter diálogo junto à sociedade para reforço das políticas públicas voltadas para aqueles que praticam esse tipo de esporte na capital baiana.
“Provocamos essa reunião para que pessoas que têm expertise nessa área nos deem dicas para iniciar uma campanha de conscientização e até um treinamento com corredores, para diminuir o número de acidentes. Estamos pensando em, da mesma forma como criamos um espaço para os ciclistas, fazer o mesmo com os corredores, criando áreas de segurança. Percebemos também que não se trata apenas de segurança viária, mas também tem a questão de segurança pública”, disse o superintendente.
Ele também lembrou dos esforços da Transalvador já implementados para incentivar um trânsito mais seguro, com criação de espaços como as Zonas 30, além da readequação das velocidades nas vias de Salvador. “Algumas questões geram impopularidade, mas é uma tendência no mundo, justamente porque as pessoas estão morrendo no trânsito. A nossa preocupação é salvar vidas e trazer segurança viária.”
Entre janeiro e setembro deste ano, a Transalvador contabilizou 43 mortes por atropelamento e 370 feridos — no mesmo período de 2024, foram 43 mortes e 332 feridos. Durante todo aquele ano, foram 47 mortes e 480 feridos.
Os locais com maior número de vítimas foram as avenidas Afrânio Peixoto (21), Octávio Mangabeira (16), Antônio Carlos Magalhães (15), Vasco da Gama (09), Luís Viana (09), Ulysses Guimarães (07), Aliomar Baleeiro (07), Mário Leal Ferreira (07) e Gal Costa (06). A Rua Silveira Martins, no Cabula, contabilizou um total de oito mortes por atropelamento.
Alinhamento – Para o presidente da Associação dos Treinadores de Corrida de Salvador, Iulo Franz, esse alinhamento entre as assessorias e órgãos competentes é importante, nesse primeiro momento, como medida socioeducacional.
“A gente precisa de mais educação no trânsito, a curto e médio prazo, e da educação no trânsito nas escolas, ensinando que as ruas são compartilhadas. Temos boas ideias para colocar em prática que, no primeiro momento, já geram impacto. Infelizmente, os casos acontecidos podem se repetir em outros momentos e todos têm que estar cientes para que outras pessoas tenham conhecimento e ajam da forma certa no trânsito”, disse.
“Tudo que a gente pede, como treinador, como atleta, é que a gente consiga praticar nosso esporte com segurança, e aqueles que não praticam tenham esse respeito. O respeito tem que ser mútuo, mas, mais do que nunca, precisamos entender que são todos seres humanos”, emendou Franz.
Harmonia – O diretor da Triação, Diogo Andrade, também fez um apelo para quem dirige: “Todos precisam entender que há vias em que é preciso ter uma atenção mais redobrada, reduzindo a velocidade e prestando atenção, porque é um momento que tem mais gente correndo, caminhando, pedalando e precisamos ter uma harmonia. É inadmissível que a gente saia para praticar uma atividade, cuidar da saúde, sem saber se vai voltar para casa. Precisamos da conscientização e educação, sem medidas drásticas”.
Treinador com mais de 18 anos de experiência, Carlos Felipe Albuquerque, o Chokito, afirmou que a ideia central é usar a expertise de todos os treinadores de assessoria para fazer uma mobilização socioeducativa, conscientizando sobre a utilização dos espaços.
“Essa aproximação da comunidade com os órgãos públicos é o que faz com que tudo aconteça, porque trazemos informações e a expertise do que vivemos no processo, auxiliando para que a gestão municipal traga ações significativas. Esperamos que as ações modifiquem esse cenário para que outros nomes não sejam vitimados.”
Chokito também defende a instalação de totens em áreas de maior risco, para que o condutor reduza a velocidade dos veículos em tráfego, além de proporcionar ao corredor noções sobre o compartilhamento de pista.
Texto: Ana Virgínia Vilalva/ Secom PMS