Vacinas Coronovac e Oxford serão definidas no domingo por 05 diretores da ANVISA

Anvisa

Encontro será transmitido ao vivo no canal no YouTube, e a decisão será tomada em votação

Com duas vacinas contra a Covid-19 aguardando um sinal verde para serem aprovadas no país, as atenções se voltam neste momento para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), responsável pela liberação de imunizantes e medicamentos no Brasil.

Caberá neste domingo (17) a cinco membros da Diretoria Colegiada a autorização de uso emergencial das vacinas.

Da esq. para dir. , os diretores da Anvisa Alex Machado Campos, Meiruze Sousa Freitas, Romison Rodrigues Mota, Cristiane Rose Jourdan Gomes e Antônio Barra Torres – Divulgação e Agência Senado

Segundo a Anvisa, no encontro de domingo os diretores deverão analisar os dados de relatório elaborado pela área técnica sobre os dois pedidos.

A avaliação técnica é feita por três áreas distintas da Anvisa, que são as áreas responsáveis pelo registro de medicamentos, pela certificação de boas práticas e pela farmacovigilância de medicamentos, que é o monitoramento de produto no mercado. Ao todo, as equipes envolvidas nas análises somam 50 pessoas.

A partir desse parecer, o grupo decidirá se liberará ou não a aplicação das vacinas. A decisão ocorre por votação. O encontro está previsto para ocorrer na parte da manhã, a partir das 10 horas.

A necessidade de reunião entre os diretores se dá porque se trata de uso emergencial e em caráter excepcional das vacinas –no caso de pedidos de registro, a decisão cabe apenas à área técnica.

A data da reunião corresponde ao último dia do prazo definido pela agência para analisar os pedidos de uso emergencial de vacinas.

As regras para uso emergencial foram criadas em dezembro, e a vacina contra a Covid-19 será a primeira a ser aplicada dessa forma no país. Também será a primeira vez que uma reunião pública da Diretoria Colegiada da Anvisa acontece num domingo.

​A agência analisa dois pedidos para esse aval neste momento. O primeiro foi feito pelo Instituto Butantan, que mantém uma parceria com a empresa chinesa Sinovac. O laboratório busca autorização para uso de 6 milhões de doses da vacina Coronavac que foram importadas da China ainda no ano passado.

Já o segundo pedido foi feito pela Fiocruz, que mantém uma parceria com a farmacêutica AstraZeneca e Universidade de Oxford. A fundação pede autorização para uso de 2 milhões de doses que serão importadas da Índia. ​

A Diretoria Colegiada é formada por cinco membros, todos indicados no governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Dois são servidores de carreira da Anvisa.

Caso o aval às vacinas seja dado, o Brasil já poderá, em tese, aplicar os imunizantes. A medida vale a partir do momento em que a decisão for publicada no Diário Oficial da União, o que deve ocorrer no mesmo dia.

O início da imunização, no entanto, dependerá da organização da campanha e da logística de distribuição de doses.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fretou um avião para buscar os 2 milhões de doses da vacina de Oxford na Índia. O transporte será feito em um voo da companhia área Azul com origem em Recife, que vai decolar nesta quinta-feira (14).

O Ministério da Saúde avalia marcar o início da imunização contra a Covid em um evento no Palácio do Planalto na próxima terça (19) com governadores. A ideia é vacinar um idoso e um profissional de saúde.

A agenda, porém, ainda não foi confirmada. O ministro da Saúde enfrenta críticas por não dar uma previsão exata para o início da imunização —nesta semana, disse apenas que deve ocorrer no “dia D” e na “hora H”.

A opção por fazer a cerimônia é avaliada pelo Ministério da Saúde. Pelo lado do Planalto, no entanto, ainda há dúvida sobre a realização do evento.

O início da campanha de vacinação no dia 19 de janeiro colocaria o governo federal à frente do governo paulista, que pretendia começar a imunização em 25 de janeiro e já declarou que poderia solicitar uma antecipação caso a Anvisa libere o uso das doses antes dos dez dias de análise.

No sábado (9), entretanto, a agência informou ter recebido todos os documentos da Fiocruz necessários para análise, mas apontou que ainda faltavam informações do Butantan sobre a Coronavac.

Logo após a divulgação de que faltavam dados, o governador paulista, João Doria (PSDB), cobrou “senso de urgência” à Anvisa. A agência, porém, diz que os dados já eram previstos entre os requisitos para uso emergencial.

Nos últimos meses, a Coronavac tem estado no centro de uma guerra política entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador paulista, que são adversários para as eleições de 2022.

Os diretores

Antônio Barra Torres (diretor-presidente) (indicado no governo Bolsonaro)

  • Contra-almirante da Marinha, formado em medicina pela Fundação Técnico-Educacional Souza Marques (RJ), foi diretor do Centro de Perícias Médicas da Marinha e do Centro Médico Assistencial da Marinha
  • Assumiu como diretor-presidente interino em dezembro de 2019, sendo efetivado no mês passado
  • ​É amigo próximo do presidente Bolsonaro e participou com ele de protestos sem o uso de máscaras.

Meiruze Sousa Freitas (indicada no governo Bolsonaro)

  • Especialista em tecnologia farmacêutica e servidora de carreira da Anvisa desde 2007
  • Na agência, foi gerente-geral de toxicologia e gerente da área de medicamentos
  • Ocupa o cargo de diretora substituta desde abril e foi efetivada em novembro.

Cristiane Rose Jourdan Gomes (indicada no governo Bolsonaro)

  • Médica e graduada em direito
  • Trabalhou parte de sua carreira como gestora de planos de saúde. Até agosto, foi diretora do Hospital Federal de Bonsucesso (RJ)
  • Publica em suas redes sociais artigos em defesa da hidroxicloroquina, em especial da médica Nise Yamaguchi, que é conselheira de Bolsonaro. O remédio, sem evidência científica para a Covid-19, também é defendido pelo presidente.

Romison Rodrigues Mota (substituto – indicado no governo Bolsonaro)

  • Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Goiás.
  • Servidor de carreira da Anvisa desde 2005, exerceu por 5 anos o cargo de Gerente de Orçamento e Finanças. Ocupou em 2015 o cargo de Gerente Geral de Gestão Administrativa e Financeira.
  • Foi nomeado diretor substituto em julho de 2020.
  • Contrariou interesses do governo ao, na posição de relator, votar a favor do banimento do agrotóxico paraquate.

Alex Machado Campos (indicado no governo Bolsonaro)

  • Formado em direito
  • Servidor de carreira da Câmara dos Deputados, com bom trânsito no mundo político
  • Atuou no gabinete do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta
  • Seu nome foi uma indicação do bloco político Centrão.

Fonte: Folha de São Paulo

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