Denúncia contra Adrilles, por suposta saudação nazista, é rejeitada

Na decisão, juiz declarou que, durante o programa, Adrilles fez um discurso “amplamente desfavorável” ao nazismo

A denúncia do Ministério Público de São Paulo contra o ex-BBB Adrilles Jorge, por supostamente fazer uma saudação nazista ao fim de um programa na TV Jovem Pan News, foi rejeitada pela Justiça paulista.

Em fevereiro, ao terminar sua participação em um programa na emissora, Adrilles levantou a mão direita próxima ao rosto, fazendo um gesto que foi considerado pelo Ministério Público como a reprodução da saudação nazista “Sieg Heil” (“Viva a vitória”, em português).

O movimento com a mão ocorreu ao final de uma discussão sobre o caso Monark (apelido do youtuber Bruno Aiub), demitido da Flow Podcast por defender a existência de um partido nazista reconhecido por lei. Após o gesto, o apresentador do programa, Willian Travassos, respondeu: “Surreal, Adrilles”.

Diante da grande repercussão nas redes sociais, o comentarista negou ter feito a saudação nazista. “Estou sendo cancelado desde ontem por um suposto gesto que foi interpretado de maneira deturpada, absurda e surreal. Um ‘tchau’ que eu faço ao final do programa”.

Na denúncia em que acusou Adrilles de “praticar, induzir e incitar a discriminação ou preconceito de raça, sob a forma de saudação nazista”, a promotora Maria Fernanda Pinto afirmou que o comentarista nunca havia feito tal gesto em suas 60 participações no programa da Jovem Pan.

“O contexto evidencia que o gesto nazista foi a maneira não verbal do denunciado de reafirmar os argumentos anteriores [feitos durante o programa] no sentido de que o nazismo foi menos ruim historicamente que o comunismo, revelando, pelo gesto, a própria preferência dentre os regimes”, afirmou a promotora.

O juiz Márcio Falavigna Sauandag não concordou com a argumentação.

Na decisão em que rejeitou a denúncia, o magistrado declarou que, durante o programa, Adrilles fez um discurso “amplamente desfavorável” ao nazismo, ainda que tenha afirmado que o comunismo foi muito pior. “Tanto é verdade que, durante a fala de um colega de discussão, ele disse que ‘infelizmente’ ainda existem movimentos neonazistas”, afirmou o juiz na decisão.

O juiz disse que o gesto, ainda que “abjeto e asqueroso, não pode ser pinçado e isolado do contexto que o antecedeu”. Segundo ele, não houve “dolo”.

O Ministério Público ainda pode recorrer da decisão.

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