Dois de Julho na Lapinha: O corredor de gente e história 

Por: Eduarda Melo

Foto: Amanda Oliveira - Site Salvador da Bahia

Dois de julho é a data em que se é comemorada a Independência do Brasil na Bahia, e neste ano de 2023 é marcada por ser o bicentenário da celebração, são 200 anos de festa, gente e reverência as heroínas e heróis que marcaram esta data tão especial para o país e principalmente para o estado. 

Nesta data se é comemorado pelo povo baiano a expulsão das tropas portuguesas e a independência do estado, ocorrida no ano de 1823, após um ano e cinco meses de guerra, que envolveu uma média de 10 a 15 mil soldados de cada lado, contabilizando mais de duas mil mortes em combate. 

Foto: Malu Vieira – G1 Bahia

Heroínas e heróis 

As guerras foram marcadas por uma imensa participação popular. Entre eles: negros já libertos e escravizados, senhores de engenho, professores, profissionais liberais, ganhadeiras, dentre outros grupos que se uniram com um objetivo único: expulsar os portugueses do país e acabar de vez com a exploração lusitana. 

Conheça algumas personalidades importantes e essenciais para a Independência do Brasil na Bahia: 

Maria Quitéria 

Primeira mulher a integrar o exército brasileiro, Maria Quitéria fugiu de casa e fingiu ser um homem para se alistar e participar das guerras utilizando o nome de soldado Medeiros. Foi mantida na tropa mesmo após ser descoberta, pois possuía um bom manejo com as armas, sendo considerada uma das melhores atiradoras. Por conta dela, a saia foi inserida ao uniforme oficial e, com água na altura da cintura, comandou um grupo de mulheres na luta contra os portugueses na Barra do Paraguaçu, entre outros confrontos. Tem o nome reconhecido no Panteão da Pátria, e é homenageada com uma estátua no Largo da Soledade, no bairro da Lapinha, na capital baiana. 

Joana Angélica 

Foi no convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em Salvador, que aconteceu uma das mortes mais simbólicas na luta pela Independência do Brasil na Bahia. Em fevereiro de 1822, Joana Angélica, madre superiora do espaço religioso, se colocou à frente do templo para tentar impedir a invasão por portugueses e foi morta com um golpe de baioneta. O episódio revoltou ainda mais os populares contra os colonizadores crescendo o clima de tensão, que se desenvolveu nas batalhas que viriam a seguir. O nome da Abadessa consta no Panteão da Pátria. 

Maria Felipa 

Nascida em Itaparica, Maria Felipa foi uma das grandes heroínas nesta data tão simbólica e importante para a Bahia. Mesmo quase não havendo registros e documentos oficiais que comprovem sua existência, ela está imortalizada por meio das memórias do povo e teve o nome gravado no Panteão da Pátria. Escrava liberta, pescadora e marisqueira, comandou dezenas de mulheres, indígenas, negros livres, escravizados e até portugueses que eram a favor do movimento libertário. Junto com o grupo, ela construiu trincheiras, vigiou praias, queimou embarcações e participou de combates contra as tropas lusitanas. 

Corneteiro Lopes 

O cabo português Luiz Lopes, aderiu às lutas locais e enfrentou os compatriotas. Na batalha de Pirajá, em Salvador, quando a guerra parecia perdida, o comandante brasileiro Barros Falcão ordenou o recuo das forças nacionais. Era grande a diferença numérica das tropas, porém uma atitude ousada de Lopes fez com que o jogo virasse. Em vez de acatar o pedido de recuo, o cabo soou a corneta para os oficiais seguirem avançando com a cavalaria e degolarem os inimigos. Os invasores pensaram que as tropas brasileiras tivessem ganhado reforço e partiram em retirada, sendo perseguidos pelo exército libertador. 

João das Botas 

Conhecido como João das Botas, João Francisco de Oliveira, também viveu em Itaparica e foi um dos fundadores da Marinha Brasileira. Segundo tenente da Tropa Imperial, João abandonou a armada portuguesa para lutar contra os compatriotas. Experiente, organizou grupos que atuaram nos combates nas águas da baía de Todos-os-Santos. Entre os destaques, estão a batalha do Canal do Funil, quando, em pequenas embarcações, ele atingiu navios portugueses. João também liderou uma tropa que impediu o desembarque de rivais que queriam tomar a Ilha de Itaparica. O reconhecimento por esses feitos está no mar, já que a regata mais famosa de Salvador leva o nome do tenente, e no Panteão da Pátria. 

Tambor Soledade 

Em Cachoeira, no recôncavo baiano, o soldado Manoel Soledade usava o tambor para alertar as tropas locais sobre a chegada dos inimigos durante as lutas da Independência, por isso, ele ficou conhecido como “Tambor Soledade”. Sem documentos oficiais de nascimento e de morte, diversas versões sobre a vida do soldado são contadas por pesquisadores. Uma delas prevaleceu nas memórias popular: a de que morreu na Praça da Aclamação, atingido por um tiro de canhão disparado de uma embarcação portuguesa. A morte dele inflamou ainda mais as lutas, que se intensificaram de Cachoeira a Salvador, e tiveram fim em 2 de julho de 1823.

Foto: Arte Ibahia

2023 

No ano em que se comemora o bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, centenas de pessoas se reuniram no famoso Largo da Lapinha, em Salvador, para as celebrações em homenagem aos 200 anos do Dois de Julho.  

O evento contou com autoridades políticas como o presidente Lula (PT); Jerônimo Rodrigues (PT), governador da Bahia; o vice-governador, Geraldo Júnior (MDB); Bruno Reis (União), prefeito de Salvador; a vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT); vereadores e deputados, além da imprensa que realizava a cobertura da festa, e da população, que festeja a data tradicional. 

Durante o percurso também foi possível observar manifestações populares, principalmente de categorias trabalhistas, como professores e profissionais de enfermagem, que reivindicavam mudanças em suas áreas. De acordo com antigos frequentadores da comemoração, a festa também é conhecida por dar espaço a essas declarações. 

Foto: Fernando Vivas – Gov BA

O cortejo foi marcado pela animação do público e embalado pelos sons das diversas fanfarras que se apresentaram no local, o público diverso variava de crianças a idosos que demonstravam o desejo de celebrar o marco histórico, muitos ainda expressavam a saudade do evento por conta da pandemia, mesmo com a celebração ocorrida no ano anterior, e já faziam planos para as comemorações futuras. 

Com informações do site G1 Bahia 

Texto: Eduarda Melo 

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